Amor? Um Monstro!
* a um poeta romântico
Como tú podes dizer que o amor eu ignoro
se é pela falta dele que certas vezes choro
vejo que a minha mente está entorpecida
de ter descido aquela mesma rota ingrime
não ter visto que o amor somente exprime
a Morte dolorosa sendo disfarçada de Vida
Não venhas tú me dizer que eu não tentei
pois de tamanhas artimanhas usei, abusei
limpei de todo jeito os focos de ambas as lentes
mesmo assim, não vi seus dislumbrantes milagres
que, ao viver, não forma sorriso nos meus dentes
a famosa glória do amor não perfumou meus ares!
Ainda me vejo pessimista e tristonho
cantando um triste cantigo medonho,
nem minha sombra me acompanha sempre
onde há sexo, vejo o coito do corpo imundo
este amor escurece a minha visão de mundo
em calmantes que o meu coracao não supre
Não me digas que eu não vejo o amor, que sou cego
o amor deve ser este fardo genético que eu carrego
talvez esta voz a sussurrar chacotas ao pé deste meu ouvido
ou talvez este eterno arder das minhas pálpebras flamejantes
o fato é que, depois do monstro do amor, nunca fui como antes
foi este monstro que destruiu todo aquilo que tenho construído!