Fui Meu A(u)tor
Foi a última poeira –
Luzes sangrando sobre mim
Um velho teatro, desconhecido
A propaganda imprópria faz fortuna
Deixa-me esquecido
Rasga coluna, baixa o tecido –
Foi o último ator que fui
Devoro o familiar, devasso,
Estragando a cota
Que me fizera único – não quero
A dor dividiu-me, mostrou a rota,
Espero que me faça de diversos
Perversos, atrozes, que em vida
Jamais pude ser
Então leia-me, revira –
Revivo cada vez, ingrato,
Procurando saber de mim
Cada falso cognato, eu mato!
Sem saber que assim, chato,
Cavei na própria sombra
Algo maior que meu fim