Alma Desnuda

Desnudo minha alma da tosca ilusão
Para enxergar a dor latente da solidão
Desnudo dos muitos sonhos inacabados
Da felicidade jamais experimentada
Do adeus repentino
Da descrença neste mundo em desatino


Desnudo a minha alma das etéreas flores
Para que prove dos espinhos as dores
Descarto a máscara do projetado riso
Para que as lágrimas contidas rolem sem pressa
O banhar necessário para confortar o cerrar das portas
De uma existência que a poucos importa


Desnudo a minha alma da alegria
Para que sinta a dor da cansativa nostalgia
Submeto-a ao escuro das dores e do vazio
Permito-a atravessar o deserto da saudade
Para que se liberte dos enganos e desenganos
Brotados na calada da noite onde plantara a verdade


Desnudo a minha alma da esperança
Digo-lhe para esquecer o amor criança
Repito incansávelmente para que não se apaixone
Desnudo-o dos segredos, dos medos, da noite
Deste viver sem nexo, doloroso açoite a cortar o coração
Desnudo-a porém, inútil  tentar  libertá-la da ilusão.


(Ana Stoppa)


Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 01/05/2011
Reeditado em 24/11/2011
Código do texto: T2942407
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