Perdido Na Mata

A carne sangra

E do lobo a boca

Enche d'água;

O rumor da noite de cala

E canta o vento,

O vento gelado;

Faz panorama

A mata morta, o morto

E os prazeres mortais;

A virgem chora

E perde a castidade

Sobre a terra enlameada,

De galhos secos e podres;

É da posse das serpentes

A noite, e a vida inútil

Dos roedores;

Vida certa de aventura

Quando a fecha a desventura

Da morte, do açoite

Da ceifeira.

A Lua é cheia, grande

e sacra no trono celeste;

Sua Luz atravessa as folhas,

As sombras e as frestas

Do funesto encantamento;

Quem ali se viu perdido?

Pobre, no fim da tarde,

É aquele cujo os lobos

Provam da carne.

E a quem busca com ousadia

Qualquer singela saída:

Pobre... Em teu destino falta a sorte

E o doce da vitória:

Mel? Açúcar? Não importa;

Em tua boca faz a prova

Da pimenta, do sal

E da fuligem.

Ainda, se vagar, mais tarde

Seguindo em frente, onde o chão

É pedra negra,

Você verá, e com certeza!

As ninfas sacrificadas,

Abatidas, perfuradas

Na mão de Elfos obscuros;

E segue, se houver coragem

Pra ver a bruxa ser queimada e

Pelos “capas-pretas” assistida;

observa atento, que é forçada a ver:

A filha, que tem o pranto vertido,

Aos gritos, na terra infértil.

Agora teme? Pois grite no silêncio

Para ser silenciado;

Hesite, hesite um só passo;

Chame, clame, grite! Quem?

Os lobos ouvem e vem

Ouvem e vem!

Se pergunta, creio

Por que veio?

Mas não a tempo pra resposta,

Se você viu demais, e gritou demais;

Verá, agora, ao olhar para trás

O sorriso da morte espremendo seu peito.

Então, a carne sangra

E do lobo a boca

Enche d'água;

E o rumor da noite se cala...

Começa a chover na mata...

WillDeLamed
Enviado por WillDeLamed em 29/04/2011
Código do texto: T2938221
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