A sete mares!

A sete mares, vou navegando,

Numa viajem sem rumo, sem pudor.

Vivo numa demagogia, onde estou atrás da democracia.

Na burocracia da vida, tento me libertar.

No sentimentalismo, tento me inspirar.

Num mar sem fim, aonde não visto nada – mas, do nada, avisto algo.

No meu barco esta uma bagunça: tudo jogado. Vivo no traço.

As traças querem comer minha roupa, o cupim quer comer o meu barco.

Numa mentalidade desequilibrada, eu tento navegar entre as ondas, eu tento navegar entre as tempestades.

Sou capitão e, ao mesmo tempo, um soldado marinheiro de primeira viajem.

Não sou pirata, mas estou em busca de um tesouro. Estou em busca de um ouro - estou em busca do amor.

Dizem que o amor existe e eu não o conheço muito bem, mas eu o sinto e acredito nele.

Quem sabe eu encontre – procuro, mas não avisto - procuro, mas não insisto - também não desisto.

No meu barco, só tem destroços deixados por uma grande ventania em que fui atingindo no pacífico. Fiquei todo sujo. Fiquei na lama.

Os peixes ao meu redor não vivem, o céu fica nublado, o sol some, a terra desaparece.

Numa ficção científica, – sou escravo da ciência – estou num laboratório: sou cobaia de um sistema capitalista.

Testam-me cada coisa. A única coisa que eu sinto, são os efeitos colaterais; sinto a solidão.

Nessa balanço que vai e vem, as ondas batendo... Meu corpo, minha mente começam a reclamar.

No balanço do barco, sinto o enjôo mexer com meu estômago e atacar meu fígado.

Uma ânsia profunda. Quem sabe eliminando-a, consigo meu purificar.

Limpar as estranhas e seguir adiante!

Sou um sonhador. Eu sonho acordado, mas não quero acordar.

Quero alcançar as mãos mais belas, o sorriso mais conquistador.

Quero navegar na corrente sanguínea e chegar à ilha prometida – quero chegar a seu coração.

Chegando lá, quero conhecer o amor pessoalmente e dizer: seja bem vindo.

O prazer será sempre meu!