O Dito Cujo!

Entre os gostos e desgostos,

Ardeu-se o paladar de um pobre morto de fome.

De fome em fome, estão famintos de vozes mal alimentadas.

Entre uma festa a qual foi chamado e vai o pobre,

Pois, de pobre em pobre, o mundo esta cheio.

Pobre de espírito.

Pobre de famintas desilusões preciosas.

Aprecia, então, o tal de Dito Cujo,

Enche o dito bucho.

Pois ouve vozes dizendo que sua geladeira esta cheia de fracassos.

Que pecado teria o dito cujo em comer feito um puto,

Sendo que vivencia uma geladeira cheia de água como velório?!

Eis que o dito cujo vivencia uma vida de pleno luto.

Que puto ficaria um dito cujo cansado de caminhar,

Pois caminhando esta,

Mas a vontade de parar é maior.

Suas pernas não foram alinhadas para tais estradas.

Estradas longas e de chãos mau pavimentados.

Passa por avenidas e avenidas na berlinda da vida.

Passa por ruas e avenidas.

Passa por avenidas e ruas.

Passa por estradas e estradas.

Eis que o dito cujo pisa em vários buracos,

Mas de buracos esta cheio. Sua vida e o próprio buraco aonde se esconde,

Esconde-se, então, o louco de pólvora.

Pois, de prova e prova, o dito cujo prova paladares maus temperados.

Mas que tempero terá um dito cujo sem um puto no bolso? Desembolsar o desejo de rasgar-se entre as caminhadas,

Sua farda esta suja.

Esta vendo? Esta vendo? Olha direito essa porra, canária!

Canalha de roupas limpas!

Veja, as vestes do dito cujo estão coladas ao corpo.

Sua veste esta suja. Sente o pó!

Que, de pó em pó, respirar um cujo puto de impossibilidades,

Mas que a verdade é uma só: o dito cujo vivencia dias de puro pó!

Mas sem dó de respirar esse ar, então? Sentiu a respiração ofuscar.

O dito cuja filosofia,

Mas de filósofo o mundo esta cheio.

Receio que creia que esse mundo vive um desrespeito.

Filosofa, então, o dito cujo feito um louco.

Nem ele entende a tal da sua filosofia,

Mas ele entende que a vida é a tal da hipocrisia.

Mas de hipocrisias ele sente um vento.

Vento vai e vento vem,

Mas o vento não trás benefícios a ruídos de um grito no escuro.

O vento leva tudo do dito cujo.

O vento leva entre as trevas de um mundo mal adaptado.

Habitado por hipócritas.

Talvez o dito cujo se encaixe entre eles,

Mas o dito cujo é um puro.

Mas, de puro em pruo,

Eu sou um puro.

Puro álcool.

Mas, de álcool em álcool, estou cheio.

Bebo e me arrebento,

Mas foda-se o que sinto.

Sou eu que perco,

Mas quem perde e ganha tanto faz.

Essa vida não satisfaz um revolucionalista,

Mas, na real, o que adianta ser um revolucionalista? Porra nenhuma! Pois não isto te trás nada, apenas alimenta o desejo de soltar um peido.

Pois quero peidar nessa vida,

Pois, de merda em merda, estou me cobrindo de merda.

Meus gritos são incapazes de chegar a tais ouvidos.

Não ganhei nada, nem um beijo do ouvinte,

Mas de ouvinte não existe nenhum.

Só eu ouço as vozes.

Só eu ouço o dito cujo.

Só eu conheço o tal do dito cujo.

Talvez só eu entenda o dito cujo.

Estende-se minha imaginação de brisas.

Eu briso sem querer brisar.

Eu vivo a brisa de um dito cujo.

Talvez eu seja o dito cujo.

Porque eu vivo puto.

Curto as revoltas dos revoltados.

Curto os ruídos de vozes mal ouvidas.

Ouço gritos de noites mal dormidas.

Sinto o cheiro de festas com mesas avarentas.

De uma miséria de desconfianças de uma sociedade sem esperança.i

Pois a esperança já foi.

Lula se foi.

O mundo da lua se foi.

O qual veio e cobriu a nós de merda.

É merda para todo lado.

O dito cujo medirá que suas medidas de vida serviram para nada.

Apenas cansou de tanto reclamar.

Mas poetar e filosofar pode até ser bom,

Mas, nesse mundo, isso serve apenas para acalmar as vozes domésticas.

Vozes dormitárias.

Vozes contraditórias.

Eis que cansou, cansou,

E descansou-se o dito cujo,

Ufaaa!

Renato F Marques
Enviado por Renato F Marques em 27/04/2011
Código do texto: T2934068
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