Ah, mas se elas soubessem...

Ah, se soubessem o que passo

Assim que vou começar a poesia.

Não sei o que as pessoas veem em mim,

Pois elas pedem conselhos. São pessoas mais vividas e mais velhas do que eu.

Não sei o que elas veem em mim,

Mas se elas soubessem o que sinto...

Como meus dias são longos!

A noite cobre o sol da minha vida.

Meu sono é leve e acordo assustado pelos fantasmas da vida.

Vivo em pesadelos constantes de lágrimas derrubadas,

Mas as pessoas sempre me procuram.

As pessoas se abrem comigo.

Às vezes, nem viram o meu rosto pessoalmente,

Mas elas pedem conselhos.

Pedem conselhos para tais coisas em que elas precisam tomar certas decisões e que nem cabem a mim.

Decepções seriam se elas soubessem o que passo.

Ah, se elas soubessem.

Ah, se elas soubessem...

Se elas soubessem que eu necessitava daqueles conselhos que passei para elas.

Vivo eu necessidade constante de abraços,

De beijos.

Não sei que elas veem em mim.

Eu sou tão fraquinho!

Eu sou tão pequeno!

Ah, se elas soubessem.

Ando na rua chorando,

Ando de metrô chorando.

Eu sou o poeta de poesias tristes,

Mas sou conselheiro de felicidades.

Ah, se elas soubessem do meu desencontrole emocional.

Ah, se elas soubessem da minha instabilidade em sustentar-me de pé.

Ah, se elas soubessem de minha desclareza de dias intolerantes.

Sou tão falho, mas elas insistem em mim.

Queria que meus familiares do meu próprio sangue fossem como elas,

Pois elas acreditam em minhas palavras.

Já meus familiares distorcem meu dom como se fosse um nada.

Ah, mas eu sou um nada!

Tenho tanto desfeito.

Sou tão ridículo que nem olho ao espelho.

Mas, mesmo assim, continuo tentando dar conselhos de amor, carinho e respeito.

Quero que as pessoas vivam em plena harmonia.

Quero que as pessoas vivam em plena sintonia.

Só não quero que as pessoas vivam essas tais de hipocrisia.

Dizem que sou anjo,

Mas olhei ao espelho e não vi nenhuma asa.

Apenas vi olhares de desconfiança, mas sempre dando bons conselhos.

Ah, mas se elas soubessem que vivo entre choros de soluços.

Ah, mas se elas soubessem...