Descrente




(crônica poética sobre acontecimento ocorrido e relatado em jornais)

 

Estava desesperada,

Doente, desconsolada,

Sem ter a quem apelar.

Então uma companheira

Que no templo é obreira,

Ofereceu pra ajudar.

 

Viu-se no templo lotado,

Pelos fiéis, ocupado,

Entre rezas e orações.

Como se fosse calmante,

Numa paz suavizante,

Abrandaram-se emoções.

 

Ela muito precisava,

Da paz que harmonizava,

Amainasse sentimentos...

Sentiu-se em irmandade,

Num grupo de caridade,

Outra vida, novos ventos...

 

A plenitude da graça,

Vivida naquela praça

Alimentava a crente...

Como tudo tem avesso,

Até a graça tem preço

Para desgraça da gente...

 

Agora, incorporada,

Como irmã, consagrada,

Tinha deveres a cumprir...

Da causa é uma serva,

Que para ela reserva

A nobre missão de servir.

 

Sendo agora serviçal

E para ser sempre leal

Deve um dízimo pagar...

E em graça relevante,

O servo deve o montante

Do seu dízimo aumentar...

 

Foi assim que ela vendeu

O seu carro e ofereceu

Para em glória ficar.

Mas hoje arrependida,

Descobriu-se iludida

E quer a justiça buscar!