Meu Amigo Necromante
Vou revelar meu pranto
E o dividir contigo;
Sou triste, meu amigo
Na negridão sonhando;
Que o paraíso me é distante,
E a distância é meu castigo.
Bem me ouve e atento
Companheiro, me ajuda;
Tão presente que a lua,
Tão silente que o vento.
Que eu faço? Amigo?
Prevaleço chorando?
Nesse mar me afogando?
Dê-me um safo, um brilho!
Que o paraíso me é distante
E a distância é meu castigo.
Será minha dor finita?
Amigo, ou avante?
(Dê-me paz um instante!)
Para mim, minha vida...
Que o paraíso me é distante
E a distância é meu castigo.
De paz, resta-me o semblante,
De quem amo e tens partido;
Que no mundo estás perdido
Convertido em ser – Um anjo...
O que eu tenho é só lembrança,
Já morrendo na memória
E o amor virou história;
Meu amigo necromante.
Que o paraíso me é distante
E a distancia é meu castigo.