O DESTITUIR DA RAZÃO
A chuva caia mansamente.
O uísque aquecia o corpo.
A nicotina desenhava teu rosto.
Prateada, a lua espiava
Meu desassossego, minha dor.
Num bilhete, o adeus final.
O até nunca mais, ardia.
A melodia fúnebre atormentava
E ao mesmo tempo, deleitava-me.
Meu estado de ser, não era.
O mundo parecia inanimado.
Olhei para o escuro da noite
E vi no espelho negro da trajetória,
Minha face desfigurada pelo tempo.
A idade me fez endurecer.
Atravessei séculos, a te procurar.
Fui mais forte que o destino,
Findei engabelando a severa morte.
Agora que finalmente a encontro,
Vejo-me fraco e acorrentado
Pelas amarras do teu coração.
Quão misterioso é o amor,
Que tem o poder de nos destituir da razão?