ANITA SEM GARIBALDI

Vou cambaleando de passo em passo,
vez ou outra fora do compasso.
Tirando sorrisos do baú do passado,
usando a máscara da tal felicidade.

Vou vegetando assim, dia após dia,
respirando vez ou outra, ainda,

o mesmo ar que ele ora respira,
para eu soçobrar mais um tempo.

Poetas são assim: amam o inexistente,
dando um valor ao objeto de inspiração,
que nem ele próprio imagina que tem.
Somos loucos de amor, mil anos a frente.

Concluo que melhor, é ter amor platônico,
do que o incêndio alexandrino que existia.
Eu me sentia prestes a morrer sufocada,
inutilmente; não era o que deveras sentia.

Queria esquecê-lo, assumo covardemente,
mas, sei que minha inspiração dele depende.
Pois se o cupido fosse certeiro com as flechas,
Anita e Garibaldi viveriam juntos eternamente.



Railda
Enviado por Railda em 07/04/2011
Reeditado em 08/02/2015
Código do texto: T2894648
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