Vinte Anos Deprimidos

Em um mundo negro, doloroso,
Maluco, às vezes doloso,
Porém, lindo em cada manhã,
Vivo lutando, tentando conseguir,
Lutando, tentando reagir,
Gostar e viver uma vida sã.

Nesse ergástulo imorredouro,
Nessa impaciência duradoura,
Uma criança ainda sorri.
Ah, beleza invejável, límpida...
Pequenina criatura vestida,
De cor dourada eu vi.

Nas aventuras de vinte primaveras,
Ilustrações de novas eras,
Passadas, vistas, vividas,
Por seres de cabeças oprimidas,
Imaginativas rosas caídas,
Que secaram, ficaram perdidas.

Nos bares, bebida importuna,
Jogada, perdida, grande fortuna,
Ao lado de roletas viciadas.
O amanhecer de ressacas, mágoas,
Quero arrepender-me e estas águas
Ardentes sairão jorradas.

Avenidas espaçosas, multidões
Corriqueiras, cheias de emoções.
O dia bonito deixa o ar,
O sol que alegre apareceu,
Esconde-se, pois não mereceu,
Relâmpagos fazem a chuva brotar.

Pingos d’água, pingos de gente,
Um menino inexperiente
Brinca no lamaçal, emporcalhado
De revoltas, de intransigências.
Restos de violências, delinquências,
Ilusão e pensamentos, que achado!

Meigo esporte, mente sã em corpo são,
Ginástica gostosa, dropes de limão.
Ritmo aplausível esta malhação.
Desfazendo a fragilidade, fortaleza,
Rejuvenescimento em forma de beleza,
O coração agradece, quanta gratidão.

Caídos no mesmo abismo,
Afastemos-nos deste sincronismo.
Sacrilégios estão buscando,
O preço é alto e difamado,
Embora, invista no sagrado,
O barco estará afundando.

Homem, mulher e o embrião,
Na perfeita criação,
Sabedoria no sexo, feto.
Núpcias, orgasmo incontrolável,
Amor louvável, ponto decifrável.
“Afrodite”, o que é correto?

A guerra deixando a miséria,
Patriota sob a terra austera,
Erguendo a cabeça nessa confusão.
Intelectualismo à frente de bombas atômicas,
Sem importância as forças dinâmicas,
Derrotas, por mais amor à nação.

Na direção do poente, o mar lento,
As ondas, antes furiosas,
Aquietaram seus movimentos.
Areias brancas nesta praia, deitado,
Desfruto o segredo e o gosto da paz,
Uma gaivota voando livre, sagaz,
Indica o cintilante, deixando-me extasiado.

Vinte anos contados, vinte anos de dores,
Rotinas que não ganhei flores,
Da simplicidade de um corpo envelhecido,
Um coração forte batendo,
Remorsos me contorcendo,
Infância em um beco esquecido.

Nada disso importa, biografia não interessa,
Qual é o meu crime? A vontade não cessa.
Depressão, desfaçatez? Irei desnudar o ódio,
A vingança, a força da sensatez,
E assim mesmo, a timidez,
Pertinho, sem disfarçar.

Um desgraçado só vive agonizando,
Penando, matutando, a esmo vagando,
Ousada jornada da descrença.
Maturidade chegando, sem concepção,
Vegetativo em um universo cão,
Peleja incessante pela sobrevivência.

Edir Gonçalves
egpoesias@hotmail.com








 

EDIR GONÇALVES
Enviado por EDIR GONÇALVES em 30/03/2011
Reeditado em 04/12/2021
Código do texto: T2880430
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