Inútil Lembrança

De que adianta relembrar teu nome

e chamá-lo sussurrando no meu sono

que tão pouco tempo dura?

De que adianta, se essa imagem some

e acordo, como sempre, no abandono

que ainda não tem cura?

De que adianta ver teu vulto etéreo

a pairar sobre todo o pensamento

que ainda habita em mim?

De que adianta, se como num mistério

ele se vai, levado pelo vento,

e o sonho chega ao fim.

De que adianta, enfim, lembrar que existes

em outro mundo, em outra dimensão

enquanto aqui padeço?

De que adianta, se os meus olhos tristes

demonstram que paguei, pela ilusão,

tão alto preço.

Amaury Nicolini
Enviado por Amaury Nicolini em 22/03/2011
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