À espera do fim.

À espera do fim.

Arrastando os pés na marcha encurtada

sob o peso do tempo, encurvada,

levando seu fardo de parcas vitórias

fantasmas de velhas histórias

engolidas no oceano de fracassos

que cegam a visão de seus poucos passos...

Muitas lutas vencidas,

tantas mais perdidas,

lutou de mãos vazias,

suas armas, seus dias,

nem espada,

nem flecha, nem nada.

Seu corpo, seu escudo,

gritando ao mundo surdo,

calou-se cansado.

O fôlego, o ânimo é acabado.

Sua alma aprisionada

esconde-se acuada,

cansou de sonhar...

Deste mundo nada mais a desejar.

Espera pelo dia,

como numa poesia,

em que possa voar

pra ser feliz noutro lugar.

Na festa que o mundo lhe negou

cantará os louvores que guardou

e beberá do vinho jamais provado

no cálice do amor pra ela guardado.

O olhar brilha intensamente

quando o mundo a vê doente.

Não morre triste a que triste viveu,

atira-se nos braços de quem a escolheu.

Lídia Sirena Vandresen

(29.07.08)

Lídia Sirena
Enviado por Lídia Sirena em 12/03/2011
Código do texto: T2843322
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