Amor na dureza do lar
Quando morávamos juntos o nosso amor morreu. A rotina esmagou a deliciosa brisa do amor. Seu cheiro uma fragrância maravilhosa, renovada em cada encontro, se tornou uma loção barata, comum.
Aqueles dias de palpitar do coração, de ansiedade, de noites prazerosas a espera do encontro, do olhar, do sorriso, tantos momentos, virados em rotina, transformados em casa suja, cuecas e calcinhas rasgadas.
Os sonhos de filhos, amor para a vida inteira, de casa própria, virou um olhar perdido, perto da solidão, triste sofrido.
O sexo era um orgasmo incomum, a necessidade de satisfazer o outro, aos poucos foi acabando nas telas solitárias do computador, na mão que sozinha busca prazer.
Juntos o mundo parecia um lugar seguro, a casa o lugar de repousar, que tolo sou eu, a casa virou dormitório, as horas apenas trabalho doméstico, o amor virou amizade, sem graça, sem argumentos, apenas mais um lar despedaçado, uma vida fracassada, fim de linha.