Rainha de Sangue
Não esqueci que me machucou
As feridas não cicatrizaram
E ainda sangram vez ou outra
No entanto, não estou parada
Não estou deprimida
Não estou chorando
Levantei minha cabeça
E reassumi meu lugar no trono
Não me perdoaria se derramasse
Uma lágrima sequer por ti
Posso ser fria por fora
E quase tão fria por dentro
Porém ainda não sou uma pedra
E não deixarei que me faça sangrar outra vez
Não me lembro de você com amor
Mas também não me lembro com ódio
Apenas uma vaga indiferença
E alguma gratidão
Por sua traição ter-me feito mais forte
Agora sou uma rainha
Que não depende de seu cavaleiro
Ergo por mim mesma a espada
E luto minhas próprias batalhas
Não preciso que me protejam
Muito menos que tenham pena de mim
Faço meus inimigos caírem um a um
Bebo seu sangue num cálice de prata
Cansei de esperar que façam as coisas por mim
Não preciso de soldados que não sabem seguir ordens
Não preciso de amantes que não sabem o que é amor
Não preciso de mensageiros que se perdem no caminho
Em meu mundo, apenas os fortes sobrevivem
E sua hora irá chegar, meu cavaleiro
E o único som em sua despedida
Será o ruído metálico de minha espada
Trespassando sua armadura
E derramando um sangue tão ardente
Quanto o amor que dizia ter por mim
E tão frágil
Quanto o amor que realmente me tinha
Sua máscara caiu
E sua honra virou pó
Ainda tem coragem de vir ajoelhar-se e pedir por perdão?
Por que acha que eu escutaria?
Por que acha que ainda me comoveria?
Não posso nem quero perdoar uma traição
E ainda assim sequer me preocupo em matá-lo
Deixarei que vague pelo mundo sozinho
Sem ouro e sem honra
E esse será seu castigo
Até que se torne forte o bastante para me enfrentar
Ou fraco o bastante para morrer