HOMENAGEM PÓSTUMA À ÁRVORE

H O M E N A G E M P Ó S T U M A A Á R V O R E

Onde está a frondosa árvore?

Permanece incrustada no solo?

Não, hoje restam só cascas e serragem

Há ainda uma áurea (alma?)

Á árvore uma homenagem póstuma

Suas raízes sulcavam o solo árido

No barro mergulhavam fundo

À procura de seus parcos víveres

E dos minguados sais minerais

Seu pecado foi nascer ninguém

Morrer não sendo nada

E voltar a ser pó

Ou se tornar húmus

Esqueceram da nossa existência

Sua fotossíntese liberou oxigênio

Expeliu fragrância de incenso

Aqueceu o ambiente ao queimarem-na

Explodiu seus cachos de sementes

Cresceu com flores

Que se tornaram frutos maduros

Ontem seu tronco era forte

Só deixou rastros na argila

Aqui e agora é celulose (papel?)

A planta não berra, rumoreja

Sua árdua luta esbarra no homem

Este esculpe-lhe um talho

A espera da sua seiva

Sem piedade a moto serra derruba-a

Do seu caule tiraram tábuas

Do seu galho extraíram ripas

Das suas folhas moldaram palhoças

Da sua resina sofisticaram perfumes

Cadê a árvore?

(novembro/1991)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 24/02/2011
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