Quebrar o lápis!
Quebrar o lápis!
Às vezes tenho vontade de quebrar a ponta do lápis e jogar o apontador longe do meu alcance.
È desgastante escrever e ver que as pessoas que te rodeiam nem sequer se importam com as suas expressões e lágrimas em forma de palavras.
Tenho vontade de picar o papel ou fazer aviãozinho dele. Quem sabe assim as pessoas olhem e comecem a cativar-me. Quem sabe assim as pessoas dêem valor à cultura e comecem a cultivar-me.
Às vezes acho que elas têm inveja só porque eu escrevo. Só porque encontrei uma maneira de desabafar o sentimento de um alimento mal digerido.
Que culpa tenho eu de ter nascido com esse dom? Foi Deus que concedeu este poder a mim. Reclama com Ele então.
Às vezes, tão desmotivado, faço linhas tortas e palavras distorcidas de tão desiludido.
Eu sonho poesias, talvez eu seja apenas um sonhador. Para muitos, não passo de uma tal de utopia.
Mas eu não consigo parar de escrever. Sou como uma máquina, minha mente não para, elas vêm e me dominam, como uma mulher.
A poesia é minha namorada, futura esposa, futura mãe de meus filhos.
Meus filhos serão novos livros, novas expressões vividas numa vida aonde eu só limpo com lustra-móvel para tirar o pó que me cobre.
Estou com guarda-chuva, a chuva é intensa sobre mim. Não para de molhar minhas vestes, estou ensopado.
Estou desolado pelas pessoas que não me abraçam, não me criticam, não opinam, não sabem que nem existo.
Divulgo, bato na porta, mas o que ganho das pessoas é apenas: depois eu vejo, outra hora eu olho. Têm outras que nem respondem e me ignoram. Estou triste, quero passar minha vivência que não é fácil para eles, mas não aceitam. Bloqueiam-me, me congelam, me excluem.
Isso mata o artista que existe por dentro.
Dizem que são meus amigos – são amigos, mas que não me apóiam.
Renato F.Marques.