Cântico
Agarrada a esperanças vãs,
de haver nesta terra oásis,
e, não somente desertos malsãs,
vivo apegada a sonhos, utopias...
Quando criança, ensinaram-me a ser sincera
E crer na força divina e vencedora do amor...
No poder da paz e não da guerra,
Que depois da tempestade vem a bonança.
Para, hoje, perceber, que nem sempre,
após a noite, vem seguida do dia.
Entre eles, há sempre uma madrugada fria,
deixando n'alma uma triste letargia.
Transformando os dias que restam na terra
uma via sacra da dor e da agonia;
a desejar apenas que chegue logo
a hora do sono eterno e sem dor.
Levando o que resta d'alma gélida,
a paragem desconhecida e almejada,
ecoando no corpo e na alma um toada;
em cânticos e louvores, aos deuses das dores,
a libertação dessa ave presa em grade carnal;
cansada, alquebrada de tantas lutas e dissabores!