MORRER TODOS OS DIAS
Creio estar curada, morri tudo no passado.
Agora é de verdade: Não mais frio na barriga,
no toque casual ou no silêncio do celular.
Tudo foi gasto, restando apenas a lembrança,
dos lânguidos olhares, implorando migalhas.
O apogeu da trilogia aconteceu: Virou livros.
O mocinho bandido fugiu... Estava previsto!
Resta negar o olhar numa vida dupla, bipolar,
vingança dos deuses, martírio maior não há.
E no encontro casual, usar o mesmo sorriso,
encenado no espelho ao amanhecer e que
vamos entregando a todos no decorrer do dia.
Guardar o segredo que me habita literalmente
tal qual adrenalina, sangue azul, água cristalina.
Entreguei os pontos, fui ganhadora de sonhos.
Não há mais estratégias para achar o elo perdido.
Basta aquele morrer todos os dias um pouquinho.
Então que subsista apenas o meu masoquismo.
E eis que o milagre do entendimento ocorre tal luz.
Dia e noite, noite e dia... Pai Nosso, Ave Maria...
Libertai os escravos do amor entalhados no
rosário que dedilho. Foi assim que sobrevivi...
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