Poema de final de livro
Na vida medito
não me acho
Na vida, maldito
me calo
Como queria
minha vida um riacho
que passa ligeiro
como quem dar passos largos
sem olhar para trás
Não me contenho
não me detenho
pois não posso me aguentar
sou demais para mim mesmo
Na vida recito
um poema sem fado
se quase sempre repito
não sou inédito no que faço
sem preço, sem recibos
sem palavras, sem recados
Não tenho mais nada para falar
Por isso vou me calar
por instantes.
Henrique Rodrigues Soares - Relicário das Dores