LADAINHA DAS CARÍCIAS

Esta mão que só te acariciou,

no toque mais breve

da tua existência!

Já tardou a recolher sua dor

a calar para sempre... a sua destreza.

Esta mão que por ti só zelou,

a cavar no caminho

tanta benevolência...

Já percebe o quanto errou

em pedir-te amor...a implorar-te anuência!

Esta mão que também te roçou

no toque mais leve...

na tua tênue presença,

Hoje cala a chorar sua dor

a amassar uma flor...a pedir-te clemência!

Esta mão que só te procurou

a tocar-te no escuro...

a tua constante ausência,

Se cansou de palpar um amor

que transpira temor...na mais pura essência.

Esta mão que tanto te afagou...

tanto te fustigou

a apartar-te a carência...

já percebe que também se queimou

no vão tempo inflamou...nossa antiga ardência.

Esta mão...que já te segurou!

também te destravou...

na mais doce indecência...

É a mesma que te abandonou!

a enxergar em silêncio...a nossa incongruência.

SP, 28/10/2006