Coração Arredio
Insensato coração a passear pelas ruas do impossível,
Se faz em mil pedaços tentas alcançar a quimera.
Quem dera... Quem dera ser verdade o que almejas,
Entendas que a busca é em vão, perdestes a peleja.
Vives dos retalhos rotos de momentos distantes,
Apegas-te aos fragmentos, sonhos outrora vividos.
Ignoras a melancolia da solitária alma que o abriga
Atropelas a realidade, sem dó mascaras o cotidiano.
Buscas a relva e flores nas pedras do abandono,
Modelas em vão a argila tosca chamada saudade.
Bebes da água estagnada, aceitas dejetos de afeto,
Respiras a vida envolto nas sobras da indiferença.
Aceitas a chama da esperança que se finda,
Acomodas-te na escuridão das paredes frias.
Pulsas descompassado sofres grave arritmia.
Até quando pobre coração vivenciarás a agonia?...
( Ana Stoppa)