Amanhã ou depois.

Essa música diz quase tudo. http://letras.terra.com.br/nenhum-de-nos/28027/

Eu vejo as pessoas próximas indo embora, sem dizer “adeus”.

E eu vejo, que para elas, isso não faz a menor diferença.

Se antes haviam laços concretos que nos uniam uns aos outros,

hoje foram todos transformados no mais invisível pó.

Digo “invisível” porque sou umas das poucas pessoas

capazes de enxergar o quão triste isso é.

Eu sinto falta do que tinha aos cinco anos de idade.

E chamo isso de abstinência.

Minha própria abstinência.

Tenho medo de que meu futuro se resuma a marido e filhos.

E se eu, pobre e insignificante,

infelizmente adquirir os mesmos hábitos,

talvez nem vá visitar seus avós, num sitiozinho bonito em algum lugar por aí.

Porque eu não gosto de sair de casa, e plantas não são motivações, pra mim.

Se as coisas continuarem tomando esse rumo,

nos próximos vinte anos, todos os cinco primeiros serão esquecidos.

E aí, as lembranças não serão nada.

As imagens pertencerão a uma vida,

da qual eu talvez nem sinta mais falta

porque sozinha, já ergui minhas próprias paredes,

E já me senti muito feliz em passar finais de semana na casa dos amigos do meu amor.

Quem sabe não vou nem me lembrar…

De toda aquela pouca união, e

Dos domingos em que sentados à mesa, ouvia história de trinta anos atrás,

e sentia orgulho de pertencer aquele lugar.

Ou então, os Natais em que, juntos, abríamos os presentes, em volta da árvore,

e na ceia,um copo vazio era transformado em uma bomba, porque esperava estar repleto de coca-cola.

Nem tudo fazia sentido.

E eu nunca quis que fizesse.

O tudo que sempre faltou e sempre esteve errado,

mas que aos olhos de uma criança de cinco anos,

Era a imagem mais pura e mais singela da perfeição.

Pois é. Ser família é muito difícil.

E é melhor eu me calar, antes que minha saudade e minha lástima acabem sendo flechas no peito de alguém.

Eu amo todo mundo. E não gostaria que as coisas fossem assim.

Há muito tempo a gente deixou muitas coisas pra depois. Coisas que agora, viraram tudo.

E não se esqueçam que depois é sinônimo de nunca.

Merda

Bárbara Ornellas
Enviado por Bárbara Ornellas em 13/01/2011
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