Poema Sujo
Não escreverei palavras belas ou afáveis.
Não cantarei a alegria, o romantismo,
nem as mulheres.
Cantarei, sim!
O som triste da solidão
os negócios escusos
os sentimentos confusos
a feiura e o ódio que exorcizam meus olhos
Não ficarei calado
é necessário continuar,
então escreverei... escreverei... palavras terríveis e absurdas
escreverei dores, derrotas e egoísmo.
Sinta nas suas narinas
as impurezas do meu coração.
Sinta nas suas narinas
o mau cheiro destas palavras.
Não há beleza na realidade.
Não há amor na realidade.
O não existir é perfeito
as flores são perfeitas
e o homem uma mentira mau contada.
Nossos olhos enganados sobrevivem
do vaivém dos disfarces
que circulam entre nós
com toda sorte de maquiagem.
Henrique Rodrigues Soares - Sociedade dos Eremitas