Não tente me encontrar
Não tente me encontrar, eu sou assim!
E que às vezes fujo de mim... Covarde...
Estou no quadro ao qual pincelo o fim,
Vendo o torto de mim, que no fogo arde...
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Não me procure nas ruas, estás longe de mim,
Esta longe de tudo que possa me formar...
Paredes de concreto não dizem de onde vim,
E que às vezes fujo de mim... Sem me encontrar...
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Não estou demente, mas já fui...
Fui tudo o que eu podia detestar...
Não tenho nem respostas para o que me argúi,
Pois são coisas que já cansei de me perguntar...
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É, cansei-me de me olhar no espelho, sou fugitivo!
Fujo dos olhares... Dos lugares... Fujo de mim...
Às vezes finjo-me de morto, estando vivo,
Mas vivo sem estar presente em sorrisos de marfim...
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Então não tente me encontrar, sou flor perdida,
Sou uma flor rara em vasos e jardins...
De cor rubra e pétalas caídas,
Bem longe de você, mas bem perto de fim...
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Eu sou assim, como poesia não declamada,
Que pela voz fora embargada na despedida...
É, e assim, miseramente profanada,
Sendo surrada, até tornar-se ferida...
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Então não tente me encontrar em lugares que já estive,
Já estive por lá, e voltei descontente...
Posso considerar-me um vivo que não vive,
Acorrentado nas profundezas de minha mente...