ADEUS
Naquela noite desdita
serena, tranquila, segura,
sem sorriso, apenas um olhar sem candura,
você falou: acabou!
O céu se abriu, o mundo caiu,
coração disparou, minha voz se calou,
chorei, naufraguei,
e no meio da multidão
sentenciou-me, condenou-me ao meu inferno particular,
perdi a noção e o próprio chão,
caminhei desnorteado, desvairado,
as pessoas passavam, falavam, apontavam,
lá vai mais uma vítima da trama dos grilhões
que aprisiona o coração de quem ama;
Vi acabar os sonhos que não foram só meus,
e você fria dizia, repetia
simplesmente a palavra adeus...
ANDRADE JORGE
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