BENEDITO MEU

Benedito!

Esse menino não sabe o que faz.

Benedito foi para a lapa.

Naquele lugar os meninos viram homens.

Os homens viram fantasmas.

E os fantasmas se cansam de andar pelo mundo.

Benedito!

Onde você está meu filho?

Benedito foi vender crack para o povo do asfalto.

A classe média degenera a pobreza.

Tenha certeza.

Toda riqueza será castigada.

Toda torpeza será punida.

É uma ferida prurida.

Comida estragada.

Gente muito boa, branca até demais.

Benedito!

Ele não me responde.

Quem sabe perdeu o bonde?

Foi?

Foi!

Benedito volte logo!

Cedo de manhã Benedito foi para o necrotério. Depois, no cemitério, foi rezar sua oração:

“Crack nosso de cada dia me dê meu pão”.

O Brasil esqueceu Benedito.

Ou melhor,

Benedito?

Quem era?...

A nobreza é hipócrita.

A nobreza tem suas razões.

Benedito também.

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 16/12/2010
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