Reino dos miseráveis (para Castro Alves)

A praça pode ser do povo

Mas os bancos são dos mendigos

Não fechem os olhos para os excluídos

Pois não há nada de novo

No reino dos miseráveis

A lua não é mais dos amantes

Ela é a lanterna dos aflitos

Não tapem por favor os ouvidos

É impossível não ouvir os gritos

Do reino dos miseráveis

As estrelas não são mais dos poetas

Elas são “a bússola” dos perdidos

Não se escondam em abrigos

Pois não há como tentar fugir

Do reino dos miseráveis

O céu não é mais do condor

Ele é o sonho dos mutilados

Que pelo sistema foram excomungados

E nem com fé se pode exorcizar

O reino dos miseráveis

MÁRIO SÍLVIO PATERNOSTRO