AMOR DE BERÇO

Na alma que recebi de berço,

dedicar amor a quem se ama

não foi ainda um terço

do amor que mereço.

Com esta mesma medida

que ainda não me veio,

talvez numa despedida

com a cabeça maneio

pela minha acerba ferida.

E ainda não morri,

a vida pulsa no supino

prometo e prometi

que vou morrer menino.

Das rugas não desfasso

das cãs que disfarço

na pele sinto o teu cheiro

e o teu jeito faceiro

que nele ainda me acho.

Não sei se me apavora

o ter que curtir o teu luto

que me veio sem hora

ou talvez resoluto

não resolva ir embora.

Ou quando neste Natal

que ao teu lado for vazio,

a ausência de mim afinal

te cause um senitmento tardio,

de uma saudade especial.

Ao teu ato temerário

chamo de imaturidade,

não discernes a verdade,

digo, pelo contrário,

me imputas falsidade!

Já me encontro em fadiga,

cansaço de espírito,

de coração triste e aflito!

A solidão, minha amiga,

que adeja num vão maldito,

que me acompanha o choro

furtivo e em sutil decoro,

ainda não acredito!

Mas com silêncio me pagas

por dedicar tanto amor,

que me afogou nessas vagas

ao sucumbi de pavor

por perder de mim o teu brilho,

o birlho da minha flor.

E se é tal coisa o meu salário,

por amar e te dar tanto carinho

fez de mim ser solitário

dos teus beijos que eu mereço,

melhor é viver, então, sozinho,

por virar meu coração do avesso.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 06/12/2010
Reeditado em 06/12/2010
Código do texto: T2656388
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