EU E EU: DOIS ESTRANHOS
Não me sinto inteiro.
Em algum lugar,
deixei um pedaço de mim.
Quando olho no espelho
vejo um completo estranho.
Incomoda-me conviver
com esse que homem que não conheço,
mesmo esse sujeito sendo EU.
Sinto-me aprisionado dentro de mim mesmo.
Estou com as mãos agarradas
às barras de um fingimento complacente.
Sou ser delirante brincando de ser livre,
e a verdade está lá, jogada
na masmorra junto com meus indecentes defeitos.
Deixei de ser homem
quando a covardia tomou posse
do resto que sobrou de minha alma.
Meu coração está dormente,
ressentido pela falta de emoções.
Felicidade, tesão, comoção,
são lebranças vagas,
algo parecido com sonhos em noites mau dormidas.