PALAVRAS TRAÍDAS
Quando de ti escapa-me fingidos valores, qual não se compra sem sentido,
Entro mais adentro do meu ser, fazendo-me couraça e que nunca se rompe...
Tenho por tudo que me cerca, mil amores, esqueço-te no momento sofrido.
Pouso nas simuladas moradas e deito-me então num berço desconhecido,
Me faço em fortes correntes no dócil eu, que antes era apenas fraca fonte...
Amo e sou amado, mesmo que o vadio que em mim exista, chama-se pecado,
Sinto-me invejado por ter muitos amantes... E na promessa de uma boca ávida,
Que me lança um hálito inebriante e me conquista neste amor plebeu e safado,
O que mais me sustenta é saber que do prazer, a minha mente é eterna grávida.
Trago no peito a amargura amarrada e cativa, que de nada me adianta soltar...
É como a ave que perdeu a liberdade, por não ter mais o rumo certo pra voar;
Teço o tempo que me trama em horas, mas sem saber que eu posso derrotá-lo;
Nuvens vêm me sondar, saber o que aconteceu comigo, mas a elas nada falo.
Tenho muita pena dessas saudades,
Onde escondi mentiras em verdades.
O ódio agora é a lembrança,
Que morreu com a esperança,
De nunca esquecer o teimoso passado,
Que pede abrigo pra ficar ao meu lado.
Há! Esses meus tolos e vãos amores que de mim,
Imaginaram-me ter amado de verdade até o fim...
Mas, agora assim, no ardume vil da minha mentalidade,
Lembro-me sim, dos bons carinhos daquela insanidade...
Essa loucura que em meu cobiçado corpo se apegava tanto, não era eu;
Um objeto homem com culpas, mas nunca privado de suas fiéis emoções...
Por si só já era o alvo..., e que se consumia no desejo de qualquer Romeu,
Que a cada canto por terem comigo sofrido, foram traídos pelos corações.