PALAVRAS TRAÍDAS

Quando de ti escapa-me fingidos valores, qual não se compra sem sentido,

Entro mais adentro do meu ser, fazendo-me couraça e que nunca se rompe...

Tenho por tudo que me cerca, mil amores, esqueço-te no momento sofrido.

Pouso nestas simuladas moradas e deito-me então num berço desconhecido,

Transformo em fortes correntes o dócil eu, que antes era apenas uma fonte...

Amo e sou amado, mesmo que o vadio que em mim exista, chama-se pecado,

Sinto-me invejado por ter muitos amores... E na promessa de uma boca ávida,

Que me lança um hálito inebriante e me conquista neste amor plebeu e safado,

O que mais me sustenta é saber que do prazer, minha mente será eterna grávida.

Trago no peito a amargura amarrada e cativa, que de nada me adianta soltar...

É como a ave que perdeu a liberdade, por não ter mais o rumo certo pra voar;

Teço o tempo que me trama em horas, mas sem saber que eu posso derrotá-lo,

As nuvens vêm me sondar, saber o que aconteceu comigo, mas a elas nada falo.

Tenho muita pena dessas saudades,

Onde escondi mentiras em verdades.

O ódio agora é a lembrança,

Que morreu com a esperança,

De nunca esquecer o teimoso passado,

Que pede abrigo pra ficar ao meu lado.

Há! Esses meus tolos e vãos amores que de mim,

Imaginaram-me ter amado de verdade até o fim...

Mas, agora assim, no ardume vil da minha mentalidade,

Lembro-me sim, dos bons carinhos daquela insanidade...

Essa loucura que em meu cobiçado corpo se apegava tanto, não era eu;

Um objeto homem com culpas, mas nunca privado de suas fiéis emoções...

Por si só já era o alvo, e que se consumia no desejo de qualquer Romeu,

Que a cada canto por terem comigo sofrido, foram traídos pelos corações.

Setedados
Enviado por Setedados em 30/11/2010
Reeditado em 30/11/2010
Código do texto: T2645454
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