Homem Só

Sob a chuva lenta e paciente

o homem olhou para o céu.

De tão concentrado que estava

não conseguiu ouvir nada

além do próprio silêncio.

Um nó em sua garganta

represava todo a sua vontade de gritar.

Molhado por fora, machucado por dentro

o homem sentia-se jogado num canto qualquer

de sua voluntária solidão.

Mais um dia se foi,

mais um dia como qualquer outro.

Deitado no chão, entre garrafas e latas vazias,

olhando fixo o teto que teimava em girar,

o homem se deu conta de quem realmente é.

O dia seguinte começou com gosto amargo na boca.

Um sol tímido surgiu enganador,

e aquele homem aflito e resignado

sentia-se nublado, rancoroso com a própria sorte

ainda que entendesse o merecimento de sua falta de vida.

Mesma repleta de dor,

a cabeça vôou longe

para o lugar que num dia

ele pode sentir a felicidade de perto,

mas que hoje virou uma distância planetária.

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 16/11/2010
Código do texto: T2618859
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