SENGUNDOS DA MINHA EXISTÊNCIA

Num segundo entendi a existência

O porquê da vida.

As insanidades sem limites.

Os momentos de angustias.

As dores infindas.

Os desejos barrados.

As dúvidas translúcidas.

As lágrimas sem razão.

A saudade sem motivo.

Num segundo entendi meu coração

As batidas aceleradas.

O sangue que percorri meus vasos e veias

Compreendi a sistóle,

E me remediei a diástole.

Não mais questionei a cor rubra.

E me degustei do morango que saia dos pulsos.

O pulsar de alegria, da dor e do amor.

Todos num único fundamento.

Num segundo entendi minha cabeça

Todos os questionamentos,

E a ausência das respostas.

Compreendi as dores,

Que no meu cérebro

Rasgavam os miolos e trituravam os neurônios.

Aceitei a batalha entre o certo e o errado.

E decidi aceitar o mundo

Mesmo que ele não me aceite.

Num segundo entendi a pureza da alma

A composição bioquimica.

A complexidade do ser.

O principio da existência,

A capacidade de voltar.

O olhar do Criador sobre os pecadores,

Igualitário a todos os outros seres.

Severo, pasciênte e amoroso.

Entendi que nada e tudo sou.

Num segundo entendi a verdadeira prisão humana

O preconceito;

A maldade;

A falsidade;

A mesquinhesa;

A falta de altruísmo;

A avareza;

O egoísmo;

O espelho da nossa raça.

Num segundo entendi...

A minha vida aprisionada a uma outra.

Outra que talvez nem me tenha como sua;

Outra que talvez nem tenha começado a reexistir nesse plano.

Outra que eu não tenho certeza.

Outra que cada vez mais me faz alegre e infeliz.

Outra da qual fiz o meu maior objetivo como ser.

Outra que sem saber, me prende.

És aqui meu passáro fingido.

Meu cativeiro de liberdade

A liberdade que nunca tive,

Que longe de outra vida, jamais terei.