DESENCANTO

Hoje me sinto

como um homem objeto.

Abjeto.

dejeto

de concreto.

Projeto inacabado

como aquela ponte

esquecida no mato.

Sou como um velho gato

abstrato.

Só observo

o movimento do rato.

Não sei se morro

ou se mato.

de fato

queria ser o homem do riquixá.

Para transportar,

e carregar

passageiros sem corações,

pessoas sem ilusões,

nas ruas da emoção.

Como pagamento da vida,

uma moeda ganha e perdida.

Sou como um tigre,

caçando só.

Uma espécie em extinção,

retornando ao pó de Adão.

Hoje, me sinto tão só

pois nem o calvário de Prometeu

vale a pena me lembrar...

Álvaro Francisco Frazão.