Soneto (ao meu primeiro e único ódio)

Apego-me agora ao sentimento que se aflorou em mim

De passado ficou a beleza e apresento-lhe meu ódio chinfrim

Amor não extirparei mais de minha boca, um tanto quanto traiçoeira

Não me falta vontade de difamá-la, pequenina tão faceira

Vossos olhos, vossa boca, vossas mãos, trazem a mim mau sentimento

Dei-lhe certeza, bravura, pureza e a recíproca foi só sofrimento

Nas feias rimas minhas eu desejo o óbito do meu coração

Perguntei-lhe algumas vezes e vossa resposta foi: _Decepção!

Nuvem, flor, fruta, madeira, sol e semente

Provém a mim ânsia de morte, eternamente.

Verso nulo sem coragem de respirar...

Fogo, defunto, pedra, concreto, chuva e trovão

Provém a mim ânsia de vida, maldição.

Verso nulo sem brandura de amar...

(Eduardo Andrade)

Eduardo Andrade
Enviado por Eduardo Andrade em 29/10/2010
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