Saiu A Caminhar Por Outra Estrada
Faz muito frio lá fora,
E quem eu amo, onde andará?
Estou tão solitario aqui, agora,
E sem a certeza de que ela virá.
Olho para o relógio a toda hora,
E as horas passam tão depressa.
Porque que o imenso frio que faz lá fora,
Não congela essa ânsia que não cessa.
Entreanto, põe-me assim, desesperado,
Tanto que me vem vontade de chorar.
Agora, tudo lá fora está gelado;
Aqui dentro, minha alma geme sem parar.
Todo o meu corpo treme e se inquieta
E meu olhar, se perde pela vidraça.
A solidão chega, e se apossa do poeta
Roendo a esperança como a traça.
Assim, vai-se a noite e vem o dia,
E pouco a pouco, o sol desfaz o orvalho
Que caiu, na madrugada feia e fria.
Findou-se finalmente a noite feia e fria,
Mas não veio a musa, moça, esperada.
Findou-se também o poeta, e a poesia:
Saiu a caminhar por outra estrada!...