INTERLÚDIO

É difícil se despedir de um sonho
Vê-lo ir embora, partir, sumir no horizonte
A sensação de fracasso é imensa e devastadora
Sem falar na impotência que fica a latejar
É como ver a alma ir para o limbo
Ou ter o corpo ser absorvido no vácuo
Feito água na esponja, água no ralo da pia
Como também se ver preso num labirinto
Sendo perseguido pelo mitológico minotauro
Quando mais fugimos, mas a saída fica improvável
Ficamos desolados pensando no que perdemos
Fora a sensação de distância que ressurge sempre
Algo parecido como estar trancafiado numa torre inexpugnável
Ser levado pela ventania pra longe, além do além
Como barquinho de papel a desparecer no bueiro
Feito chuva forte arrastando casa da ribanceira
Similar a amor platônico e seu gosto irrefutável de vão desejo
E assim um abismo que se forma diante dos olhos
De um lado o diáfano sonho
Do outro a gente olhando
E o vazio do abismo só aumentando, aumentando
Se formatando, se formando, fomentando
Forçando a entrada feito fórceps
Frente a essa pasmaceira existencial
O sonho se vai e por mais que queiramos
Jamais teremos outro igual.
Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 27/10/2010
Reeditado em 11/12/2019
Código do texto: T2582469
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