O que ficou

O que ficou de mim

das tardes

solitárias naquele

quintal?

Quem me roubou

o olhar infante

do anjo que eu via

outrora

nas manhãs sem sol?

(nos meus retiros

espirituais)

Ah! Aquele anjinho

(Meu...

Que é

daquela paisagem?

(Para onde fora

aquele verde?)

O que ficou em mim

meu Deus

senão

minhas mãos

a tecer o trabalho

e o coração vazio

(a sangrar?

Que sou eu

senão um animal

abatido

sem direito

de defesa?

Que há em mim

que não seja sonho

– quimera?

A bater e a bater

na dureza

das pedras da vida.

cristovam melo
Enviado por cristovam melo em 26/10/2010
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