O que ficou
O que ficou de mim
das tardes
solitárias naquele
quintal?
Quem me roubou
o olhar infante
do anjo que eu via
outrora
nas manhãs sem sol?
(nos meus retiros
espirituais)
Ah! Aquele anjinho
(Meu...
Que é
daquela paisagem?
(Para onde fora
aquele verde?)
O que ficou em mim
meu Deus
senão
minhas mãos
a tecer o trabalho
e o coração vazio
(a sangrar?
Que sou eu
senão um animal
abatido
sem direito
de defesa?
Que há em mim
que não seja sonho
– quimera?
A bater e a bater
na dureza
das pedras da vida.