Vida de improviso
Meus dias seguem vazios
Cansada das infindáveis bobagens vividas
Permiti morrer toda minha alegria
Todo fogo de vida esvaíram
Busco em momentos, razões.
Razões para prosseguir
Tento no inconsciente desespero
Encontrar minha alma
Que já não sei se existe
Procuro fundo o trágico mistério
Nesse instante improviso
Ora rio, ora choro.
Enquanto a vida fugaz traz suas dores
Percebo quanto custa nossos desejos
É de fato o anti-reflexo
De nossa pobre realidade
Somente um conto sem nexo
Uma mentira esculpida na mente
A verdade esquecida de se dita
Num breu distante escondido
Onde sequer um dia reconhecido
Ah! Nossos desejos
Tão imponente tão implacável.
Quase incontrolável
Mil rostos a serem vistos
Mas sem encontrar o único
Que foi desejado, o rosto vestido.
Não mais reconhecido
Não mais existido
Eternamente mentido
Que um dia no desabrigo, fora fugido.
Consumido pelo gole do fel
Corro o risco de viver cada dia
Corro o risco de se deixar morrer
No ápice da mais pura entrega
Covardemente rejeitada, apunhalada.
O adeus chega pragmático e traiçoeiro
Apaixonada e separada para sempre
O poder da dor que separa
Corpo, alma e coração.
Dividida em parte ficou o corpo
Que sem desejar foi condicionado
A mais pura necessidade da carne
Amargando um destino cruel
De uma vida deixada de lado