Calmaria Turbulenta
Um dia era tal o desatino
Que num devaneio insano
Pensei mesmo ser capaz
Almejei com muito ardor
Encontrar a tal sonhada paz
Então também pensei um dia
Que todas as estradas fossem minha
E com muita garra e confiança
Pisei o barro podre
Trilhei por caminhos farto de espinhos
Caminhei incansavelmente
Tinha pressa
O tempo corria contra mim
Intolerante ao fracasso
Senti-me sem rumo
Encontrei-me perdida
Numa terra de ninguém
Andei por caminhos tortuosos
Vontade de voltar?
Nunca me faltou
Mas insistia, vou chegar...
E todos meus temores hei de derrotar
Porém encruzilhadas encontrei
Aonde somente minhas decisões iriam me libertar
Qual seria meu destino?
Aonde esses caminhos irão me levar
Não sou dona dessa estrada
Somente a sigo
Somente ela sabe onde vai dar
Apenas a uso, com muitos outros irão usar.
Sou apenas mais uma nessa imensa multidão
A cada passo, me aproximo mais.
A caminhada está próxima do fim
Isso me apavora me decepciona.
Não é o momento, há muito a percorrer.
Verdades a serem ditas
Vivo a turbulência do passado
E busco a calmaria, preciso navegar por mares mansos.
Percorri caminhos longínquos
Mas não conheço o que me reserva o destino
Nada ainda está claro, só vejo o negro.
Meus olhos não se abriram
Tudo ainda é incerto
Decisões importantes serão tomadas
E tudo me parece assustador
Como gostaria que tudo fosse mais simples
Para que não houvesse grandes perdas
Porque grandes mudanças exigem tanto estardalhaço
Tantas pessoas envolvidas
Angustias...
Carências...
Decepções, quantas decepções.
Pessoas sem coração, pessoas sem perdão.
Ah pessoas... Essas pessoas
Se todos soubessem
Que nada passará sem que sejam cobrados
Evitariam machucar
Evitariam humilhar
Evitaria o mal amar
Ah essas pessoas
Pobres pessoas...
E assim, vou seguindo.
Deixando meus dias passando
E nesses caminhos vou tentando
Tentando viver, tentando esquecer.
Simplesmente vou seguindo
Enquanto o momento não chega
Vivendo, vivendo, deixando minhas marcas
Por esse mundo afora
Num momento chego ao precipício
Noutro vem à calmaria
Sinto-me segura, encontroa areia macia.
O aconchego e seu calor
E num absurdo segundo como a areia
Escapa entre meus dedos, retorna meu medo.
E assim sigo, entre o céu e o inferno.
Quanto mais chego perto de mim
Mais sinto que estou longe do fim.