POESIA FÚNEBRE
Meu corpo é uma sepultura
Onde jaz minha alma morta
Pelas mãos do destino.
Meus olhos não têm mais vida
E minha vida já não existe.
Meu coração ainda insiste
Em receber a acolhida
Do amor: que desatino!
Já foi fechada esta porta:
Meu corpo é uma sepultura.
Agora só me resta continuar
Fingindo sobreviver
Num mundo que é um vale sombrio.
Meus pés não marcam o chão
E minhas lágrimas secam ao vento.
Quem me dera passasse o tempo
E curasse meu coração,
De onde flui como um rio
A tristeza de meu ser
Que não posso segurar!
Eu caminho sem pensar.
Minhas forças, não sei de onde vêm.
Meus pensamentos são vazios.
Sou como um sepulcro caiado:
Belo por fora, morto por dentro!
À minha volta só existe silêncio,
Meu grito não é escutado.
Não sei onde perdi meu sorriso.
Meu corpo, que alma não tem,
É um barco à deriva no mar.
Se existe vida após o amor,
É carregada de humilhação,
De choro e ranger de dentes.
Meu sofrimento é eterno,
Mas que me é indiferente.
Nada importa, simplesmente,
E este é o pior inferno
Em que me achei, de repente,
Pois já não tenho coração:
Calejado ficou pela dor.