Da meretriz
Cede, ó meretriz do mundo, cede!
Estou embriagado por teu desvalor,
envergonhado com o que chamas de amor,
mas,confesso, ansioso por tua carne.
Jovem, foste ostra entre pérolas,
cega entre as videntes
e muito cortejada:
é que ao teu lado moravam mansos lobos.
Tu sabes de que mar eu vim ou para que céu vou?
Há infernos cintilantes e céus sombreados.
Há vozes que ouvem e ouvidos que calam.
Somo no fim de tudo os opróbrios porque nascemos,
pobres criaturas ricas de famas e sem fortunas,
um amor lacônico, um passado passado.
Dou-te água de beber e é meu o teu alcantil.
Ame os teus homens que eu leio os meus livros
e nossos espólios são nossos olhos invisos
e as mãos ajuntadas ao nada.