Uma Dolorosa Serenata
No nascer da noite... e a noite toda
compartilho com fantasmas os meus suspiros
os sentimentos frágeis, de sombras fazem bodas
alimento-me na tristeza que respiro.
Bendigo-te, fúnebre sentimento
pois guardas meu íntimo num reino de lembranças
recordando-me dos gélidos lábios, meu alento
partiram... esquecidas foram as esperanças.
Entrego-te de bom grado minh'alma
condicionando minha existência à tua
recolho minhas asas na noite calma
e em teus braços sofro, contemplando a lua.
Repouso meu ser na dor e nela permaneço
com sangue escrevo meus versos, por pena a navalha...
de teus olhos sem brilho um olhar mereço?
Existe, para ti, algum preço por minh'alma?
Adormeço ao mesmo tempo que arde-me o peito
o vazio que aumenta como a neve de inverno
reencontrando a lembrança de teu beijo
repouso em meio ao nada... que se faz eterno.