Hoje, egocentrista sou

Deixe-me em paz com meu egocentrismo

não me importo com os problemas do mundo

importo-me apenas e somente comigo

das tristezas que tenho, das dores que tenho

Não interessa-me se gente morre

enquanto aqui hora escrevo

que me silencie a morte então

da sua mais famosa maneira

Do que me andianta salvar o mundo,

se o meu mundo ninguém salvará?

Não, não me interessa as dores

nem os clamores de quem precisa

Eles que tentem adaptar-se com o sofrimento

como tenho adaptado-me com a tristeza

e a fome, violência, guerras e drogas

Pra mim, tanto faz, não me afetam diretamente

Mas na verdade, nem sempre fui assim

já tive um bom coração, já fui uma boa pessoa

Porém os anos e as tristezas acumuladas

fizeram de mim, o que hoje sou.

E o que hoje sou?

Um egocentrista covarde

que fugiu das batalhas

que a vida me convocou

Não fui capaz de lutar

não fui capaz de enfrentar

os desafios que a mim,

pela vida foram impostos

E hoje, assim vivo

numa tristeza amargurada

pelos erros do passado

e a covardia do presente

Nada mais me interessa

nenhuma verdade me machuca

nenhuma alegria me consola

nada mais me dá esperança

E nesse ciclo inerte de existência

sigo mergulhado em mares profundos

sem esperanças de voltar a respirar

ou simplismente de ver a luz do Sol.