NÁUSEAS

Acho que eu estou ficando louco
Não consigo mais ser feliz, sorrir, me alegrar
Não vejo beleza em nada
Apenas dor, sofrimento, competição e pesar.
Tenho um corte na alma
Um corte bem profundo
A cada vinte e quatro horas
Morrem quarenta mil crianças
De fome no mundo.
Por mais que se faça
É sempre pouco
Nunca chega
Não resolve
Nunca vai bastar.
Nós matamos para comer
Destruímos florestas e mares
Alimentamos-nos de bichos e plantas
Na ânsia de sobreviver
É a cadeia alimentar.
Os jardins floridos possuem cobras
As árvores espinhos mortais
O pôr-do-sol é ilusão
As cores não existem
Não existe lugar para todos
Ou você come ou é comido
Caridade
Compaixão
Solidariedade
Colaboração
Ao invés de competitividade
Tudo ilusão.
No final quando não restar petróleo
Água
Comida
Ar despoluído
Quando só restar um salva–vidas
É cada um por si
Em busca de sexo
Fêmeas
Caça
Habitação
Amor
Guarida.
Caminhamos para o fim.
Deus por que me fizeste racional
Me destes sentimentos
Fizeste-me pensar
Só me resta a caneta
O papel
Escrever
Desabafar
É o princípio
Das náuseas
Ainda faltam
A agonia
A ânsia
O arrojo
O vomitar.