Relógio Quebrado
O sangue que escorre no nascimento
Inicia a trajetória de uma vida
Pegadas se unem dando contorno a uma caminhada
Solitário como o vento, está em todos os lugares
Não está em nenhum
Amores se escondem, dão lugar ao vazio
A mão que escreve nas linhas
É a mesma que escreve na areia
Sempre a mesma que escreve cartas
Que alguém deixou de ler
Passos de trovão, cabelos de chuva
Sou como o tempo, um furacão
As folhas do outono que envelhecem, que esvaem
Não pode me ver, agora não
O sangue que deu início a vida
Agora se despede com a morte
Não dá pra voltar o ponteiro
De um relógio quebrado.