Não mais vereis
Vós não vereis mais meu rosto sorridente
Nem mais vereis meu sorriso florido
Pois andarei pelas madrugadas solitárias
Bebendo o torpor de minhas misérias
Do amor derramado sobrou o cálice sucumbido
E um interminável amargor impenitente
Não vereis mais luz em meus olhos
Pois estão mergulhados em tormentos
Habitarei as frias madrugadas nebulosas
Caminharei na solidão das tardes chuvosas
Sentindo a pele ser rasgadas pelos ventos
Das rosas dadas, só me restaram os abrolhos
Já não ouvireis a minha voz, ela emudeceu
Pois vago pelas madrugadas silenciosas
Sempre em busca de um refúgio inexistente
Em meu túmulo corpóreo jazo lentamente
Serei um sopro vão nas madrugadas tempestuosas
Em pleno calor do dia meu espírito escureceu...
Já não me vereis caminhar pelas tardes de outono,
Nem vereis sentar-me a luz do sol da primavera,
Pois andarei pelas madrugadas gélidas do inverno
Por procelas meu espírito será um andarilho eterno
Serei fera ferida que se encarcerada numa quimera
Pelas tristes madrugas que arranca da alma o sono