Submundo
Ando por aí
Entre muros apertados
Em becos sombrios e escuros
Ando com a boca sedenta
Com os olhos ávidos – de lince!
Em busca de não sei o quê
Mas em busca.
Ando por aí
Espreitando cauteloso
Vigiando (quem?)
Esperando (até quando?)
Ando, não menos que um animal
Mas ainda assim um animal.
Ando por aí
Fugindo da sujeira que me envolve
Por vezes descuidado
Ando, talvez com menos prestígio
com que anda um rato pela obscena podridão do esgoto.
Mas ando.
Ando bem, na minha caminhada indelével
rumo ao inexorável
Mas continuo a andar,
pois bem sei – e só eu
A estrada que se constrói diante dos meus olhos.