Submundo

Ando por aí

Entre muros apertados

Em becos sombrios e escuros

Ando com a boca sedenta

Com os olhos ávidos – de lince!

Em busca de não sei o quê

Mas em busca.

Ando por aí

Espreitando cauteloso

Vigiando (quem?)

Esperando (até quando?)

Ando, não menos que um animal

Mas ainda assim um animal.

Ando por aí

Fugindo da sujeira que me envolve

Por vezes descuidado

Ando, talvez com menos prestígio

com que anda um rato pela obscena podridão do esgoto.

Mas ando.

Ando bem, na minha caminhada indelével

rumo ao inexorável

Mas continuo a andar,

pois bem sei – e só eu

A estrada que se constrói diante dos meus olhos.

Bertrand Assis
Enviado por Bertrand Assis em 30/08/2010
Reeditado em 30/08/2010
Código do texto: T2468939
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